terça-feira, 15 de junho de 2010

Ateus, saiam do armário!

Primeiro jogo do Brasil na copa 2010.
Brasil 2 – Coréia do Norte 1.
Nada consolador.
Recife com chuva constante.
Fim de tarde meio sem graça.
Decido por procurar coisas interessantes, já lidas apressadamente, que guardo para releituras ocasionais em dias como hoje.

Encontrei um texto retirado de um blog – Mr. Manson – que me foi encaminhado por meu filho há uns dois meses.

O texto é uma convocação interessante.
Ele abre dizendo: Ateus, saiam do armário!E segue mostrando a importância dos ateus tornarem públicas as suas convicções para, a partir daí, abrir caminho para um debate mais verdadeiro e mais produtivo para o desenvolvimento da sociedade.
Concordo com ele. Os ateus são frequentemente segregados em alguns ambientes.
Sou ateia assumida há muitas décadas (epa, menos de cinco!) e em certos ambientes eu prefiro ficar calada para evitar a perplexidade de algumas pessoas diante da minha confissão verdadeira. Em outras situações tenho que empreender um raciocínio meio pirotécnico pra explicar que o meu deus é diferente do deus da maioria das pessoas.
-Você já viu que eu não tenho medo algum de escrever deus com letra minúscula?
Se você conseguir isto, eu garanto que estará entrando no estágio de esconder seu ateísmo por trás do rótulo de agnóstico. Mas, tudo é uma questão de tempo; de leitura da teoria da evolução de Darwin; da observação da realidade nua e crua onde, se você fizer um esforçozinho vai, como eu, concluir que a natureza é autônoma, que ela não tem a menor sensibilidade em relação ao ser humano... e que nós somos o que somos, da mesma forma que poderíamos não ser. Soa estranho, né? ...
parece conversa de doido...mas não é.

Voltando ao blogueiro, ele faz uma analogia interessante entre a condição dos ateus e a dos homossexuais e usa o filme Milk (dirigido por Gus Van Sant - de “Paranoid Park”). O filme mostra a vida de Harvey Milk ( interpretado por Sean Penn), primeiro político gay assumido nos Estados Unidos - Califórnia, 1977-, líder na luta pelos direitos dos homossexuais que defendia a “saída do armário” como forma de ser visto como pessoa normal. O filme é muito bom, garanto.

Confesso que gosto mais do conteúdo do que da forma de escrita do Mr. Manson. Mesmo assim transcrevo trecho do seu (dele) texto:

“Enfim, em dado momento, no filme Milk, os gays chegam à conclusão que quanto mais eles se escondem, pior isso é para o reconhecimento de seus direitos. Isso faz todo sentido. Escondidos eles alimentam os mitos de que são bichas promíscuas. Saindo do armário eles mostram que cidadãos normais são gays e o “monstro desconhecido” toma a cara daquele vizinho gente boa ou professor dedicado.”

E continua:

“Olhando esta história pensei que a estratégia de “sair do armário” também seria muito útil para os ateus. Até porque se assumir ateu é bem parecido com se assumir homossexual. Nos dois casos sua mãe vai morrer de desgosto, você elimina qualquer possibilidade de virar presidente da República, Deus vai te odiar... E nem me venham dizer que o FHC é ateu e virou presidente. O cara não saiu do armário, justamente com medo de perder. Meteram esse terror durante a campanha dele da mesma forma que perguntaram sobre a família do Kassab no ano passado.

Mas é sério, ateus do meu Brasil: tá na hora de parar de se esconder nos porões. Somos muito mais do que estes 2% declarados em pesquisas. Só assim mostraremos para a sociedade que não somos queimadores de cruzes ou violadores de túmulos. Que na real somos “mó gente boa” e que até respeitamos a grande maioria dos mandamentos divinos (acho que respeito todos, menos o “amar a deus sobre todas as coisas”) porque eles fazem todo o sentido. E isso é bem mais digno do que respeitar algo por medo de ser empalado no inferno.”

Você gostou?
Eu adorei!
Então, amigos ateus, vamos sair do armário que somente assim seremos compreendidos e respeitados!

Agora, falando sério: tenho fé em deus que a seleção de Dunga vai nos dar mais entusiasmo no jogo com a Costa do Marfim.

MdPB

5 comentários:

  1. é,da Paz! pegou pesado. amei o filme Milk, sou GLS, sempre fui. busco meus preconceitos e etnocentrismos, a fim de combatê-los duramente. e se há apenas duas posições (materialista ou idealista), fico no grupo dos materialistas (a matéria precede a consciência), mas apenas até um certo ponto. ou seja, hoje sabemos que o Universo é mais do que apenas o universo conhecido, o que leva a cessar de problematizar a questão a partir deste ponto. acho que é evidente que viemos do chimpanzé, com parentesco apenas discreto com lesmas e gorilas, que viemos de estrelas que "morreram", que há buracos negros, essas coisas. mas não acho impossível que esse universão, a natureza, seja "criado" por Deus. ainda assim, haveria problemas: Deus é onipresente? então, ele está em teu olho agora. e esteve em meus dedos que escreveram a palavra "dedos". e em tudo o mais. e é tão presente que nada mais de útil se retira disto. e mais: menos ainda se retira que devemos ser bondosos, por imposição divina. se Deus está em tudo, ele também esteve (está? é atemporal?) no centro da bomba que escrachinou Hiroshima. isto me fará agnóstico? apenas herege?
    DdAB

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  2. Que lindo, Duilio! Gostei da abordagem. Concordo que Deus (respeitando seu zelo com a escrita)é tudo, está em tudo...Com este ou com outro nome quelquer. Esta é uma forma viável e elegante de admitir um Deus diferente daquele Sisudão e autoritário do velho testamento.
    Beijão.
    MdPB

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  3. Respostas
    1. Voltei aqui às 11h58min de 6/jul/2014 e fiquei a indagar-me:
      .a. por que a da Paz está a tanto tempo sem publicar e
      .b. por que deletei aquele comentário
      .c. quem é Adalberto de Avila
      DdAB

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  4. Eu também tou do lado de Jesus, só que acho que ele se esqueceu de dizer que, na Terra, a gente tem de arranjar um jeitinho prá viver.
    .A.de.A.

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