quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sobre blocos e orquestras

Segui blocos pelas ruas
Ouvi frevos e canções
Cantei cantigas antigas
Busquei som de violões.
O barulho sufocante
Cobre o belo, tira o encanto.
A orquestra se acomoda
Faz um som “pasteuririzado”
Com batida repetida
Tira o breque esperado
Contraria o folião
Que se sente rejeitado.
Gosto do frevo sincero
Com breque, apito e compasso
Adoro o bater do surdo
Dando ordem no pedaço
Quero meus breques de volta.
Pago promessa, eu juro!
Botem meus breques de volta
Me tirem desse apuro.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sonho azul

Hoje a tarde eu tive um sonho.
Um sonho de intenso azul.
Dormi com a janela aberta,
O céu varou a vidraça e,
De graça,
Comigo se deitou.
Sem nuvem, sem pressa, sem ânsia
Apenas com ânsia de azul.

Tudo

O amor é quase tudo
Porque tudo é a vida.

Ciume

A lua
Vagava nua pelo céu.
Veio um anjo ciumento a vestiu de nuvem
E partiu.

Indiferença

Pelo jeito,
Não há poesia no Universo.
Ele não liga pra rima,
Métrica ou verso.

Acaso consciente

A vida é a dádiva
De um acaso
Que aparenta saber o que quer.

Cadeira de balanço

Do fundo do mar
A terra se levanta.
Na praia, o mar recua.
A menina grita de medo:
-Tsunami! Tsunami!
Todos correm
Sem imaginar que,
Naquele instante,
A terra apenas buscava uma melhor acomodação
Em sua imensa cadeira de balanço.

Joana do carnaval

Eu queria crer em Deus.
Ficava calma minh’alma
A vida ficava em paz
A natureza um cartaz
De beleza infinita
Me sentiria bonita
Em ser chamada Da Paz.
Não me sinto mal de mais
Mas a busca é insana
Queria chamar-me Joana
E morar no carnaval
Com alegria eterna
Cores, flores e amores,
Fantasia de Arlequim
Ou quem sabe de anjo
Até achar um arcanjo
A se interessar por mim.
Mas tinha que ser perfeito
Exatamente do jeito:
Assim, assim e assim.
E como qualquer dos anjos
Subiríamos flutuando
Lá de cima observando
A vida e suas contendas.
Sem pensar em qualquer crença
E com ar superior
Embriagados de amor
Flutuávamos dançando.

Tempestade

Lá fora
A Natureza chora
Cansada de se mostrar
Para uma platéia cega.

Necessidade

O tempo não existe.
O homem, porque pensa,
Pensa que ele existe.

Começo e fim

...E o céu fez-se poeira
E a poeira luz
A luz formou a vida
A vida a consciência
A consciência o egoísmo, a ignorância e a morte...

Caos

Na avenida Norte
A morte é opção do motorista:
À direita, o motoqueiro.
Na contramão, o ciclista.

Colheita

"Se queres colher a curto prazo,
Planta cereais;
Se queres colher a longo prazo,
Planta árvores frutíferas;
Se queres colher para sempre,
Treina e educa o homem.

"Provérbio chinês "

Viagem

Na vida as coisas aparentam se comportar mais ou menos como os números. Se observarmos a parte que conhecemos dos números temos o seguinte:Uma parte desconhecida, à esquerda do zero, que convencionou-se chamar infinito negativo. E outra parte, à direita do zero, que convencionou-se chamar infinito positivo. A idéia de infinito é apenas conceitual. Mas todo mundo sabe que significa uma coisa muito grande e muito distante no espaço, no tempo e na mente se a gente quiser simplificar.
Então, numericamente falando, a estória é mais ou menos assim: -infinito.....-n......-3,-2,-1,0,+1,+2,+3......+n.....+infinito. A parte conhecida dos números é aquela que fica próxima do zero. Na vida dos humanos, pelo menos, temos: o desconhecido (antes do nascimento), o conhecido (a vida) e o desconhecido (após a morte). O ponto de consonância dos números com a vida é exatamente o zero. Ele existe, ele é neutro (nem positivo nem negativo), matematicamente falando ele não é vazio... etc... como a vida...

Esses escritos foram feitos como introdução ao minúsculo pensamento a seguir:

O zero e a vida

Menos infinito, não conheço.
Mais infinito, também não.
No entorno do zero acontece o presente e a consciência da vida.