sábado, 28 de novembro de 2009

Mood

...é, tem dias assim: a vida pede uma paz que a gente supõe já ter, o dicionário não ajuda na explicação do sentido de um certo sentimento que aporta na alma. Começo a agir pra mais entender, do que pra espantar o sentimento. Não tem jeito. Ele retorna e se instala. Não é exatamente infelicidade. Busco as palavras: nostalgia, melancolia....é pouco. Talvez uma saudade de algo desconhecido, certamente bom; algo não concreto, não factual. Penso...penso...entro em ação novamente: leitura de jornal, arrumação de gavetas, caminhada na praça... e ele ali...mudo e confortavelmente instalado. Penso de novo...será que é vontade de voltar ao passado: ser jovem, bonita, amada, cobiçada, sem medos? ou seria uma vontade de antecipar o que vai vir de bom e que está guardado numa caixa trancada a sete chaves feita de um material abstrato chamado futuro? penso novamente... é....vou procurar meu remédio contumaz e quase infalível: uma boa musiquinha. E aí, bingo!


“Casa no Campo”
Zé Rodrix e Tovito


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

Simples assim: era isto o que eu precisava viver, uma viagem de três minutos.
Por enquanto acho que sanou. Caso não, volto a pensar em soluções mais caras e mais complexas.

MdPB

sábado, 21 de novembro de 2009

A “estúpida retórica” de Caetano Veloso

É surpreendente a atualidade da letra de Caetano Veloso em “Podres Poderes”. A música é de 1984. De lá pra cá a terra deu mais de 9000 voltas e tudo permanece muito parecido na América Latina. A diferença é que tudo soa como o “avesso do avesso”. Dê uma olhada na letra:

Podres Poderes
Caetano Veloso


Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos

Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...

Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades

Caatingas e nos gerais

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos

Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais...

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!

Aqui vai o endereço para você assistir ao video:
http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/44764/

MdPB

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Como se assim fosse

Hoje é dia de festa
Alegria no coração
Flores, janela aberta
Brisa cantando verão.

Hoje é dia de festa
Roupa nova
Perfume doce, tapa na solidão
Dia de dizer sim
Celebração.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Vintage ecological defense

" A ninguém foi dada a posse da vida, apenas o usufruto."Lucrécio (século I a.C.) poeta e filósofo latino.




"Que saberá a mata? Que pedirá a mata?/ Pedirá água?"
Manuel Bandeira (1886-1968), poeta pernambucano.