domingo, 27 de setembro de 2009

Tudo por um foxtrot

Hoje é domingo. Dia feito pra se dormir até tarde.
Sempre tento. Mas, jamais consigo acordar depois das 7 da manhã.
Acordar cedo deve ser um problema que vem com a idade. Será?
Digo problema porque adoro dormir.
Hoje houve um certo exagero do meu acordar: 5 horas, é cedo de mais!
Fiz um monte de coisas esperando as 10 horas pra botar uma “musiquinha” pra tocar.
Aos sábados e domingos, pela manhã, depois das 10 horas, me dou ao luxo de ouvir música como a turma dos morros de Casa Amarela: som alto e muita alegria.
Dada a necessidade de suprir a vontade de ouvir um bom disco, escarafuchei minha discoteca até encontrar um bom foxtrot. Era isto o que eu queria ouvir. Depois de um tempo encontrei um disco da coleção The Jazz Masters, 100 anos de swing, e, lá estava Billie Holiday, cantando Love me or leave me, Donaldson e Khan – não sei quem são. Sinto muito. Só sei que são ótimos.
Que foxtrot!
Do jeito como eu queria!... Cheio de saxes e pistons e com uma letra de amor desesperado, bem ao estilo Billie.
Felicidade geral.
Existem várias versões sonoras no you tube.
Curta que vale a pena.
Tudo por um foxtrot!

Aqui vai a letra:

LOVE ME OR LEAVE ME

This suspense
is killing me
I can't stand uncertainty
Tell me now I've got to know
Whether you want me to stay or go
Love me or leave me

Or let me be lonely
You won't believe me,
I love you only
I'd rather be lonely
Then happy with somebody else
You might find the night time

The right time for kissing
But night time is my time
For just reminiscing
Regretting instead of forgetting
With somebody else
There'll be no one

Unless that someone is you
I intend to be independently blue
I want your love
But I don't want to borrow
To have it today
To give back tomorrow
For your love is my love
There's no love for nobody else.

MdPB

sábado, 26 de setembro de 2009

Só o liberalismo salva

Sou liberal.
Mais na economia do que na vida.
Na vida às vezes esbarrei em condutas semelhantes às dos sertanejos brabos, principalmente com meus filhos, quando eram adolescentes. Agora não mais. Também não tem mais razão pra isto.
Mas, o liberalismo a que eu me referia é o da economia.
Confesso, estou morrendo de medo da onda de estatizações que está ocorrendo nesses últimos tempos, por causa da crise. Dá pra entender a necessidade que têm os paises de tentar resolver seus problemas macroeconômicos com somas exorbitantes de dinheiro público. Dá pra entender, também, que só com grandes somas financeiras os governos podem evitar o pior. E, ainda, dá pra entender que somente os governos têm capacidade para isto, dadas suas peculiaridades: cobram impostos e emitem moedas. Em tese podem garantir quase tudo em termos financeiros.
Meu medo é a ideologização do tema. Aceito a situação como medida profilática, mas considero um retrocesso a volta da idéia de controle da economia pelos governos. Isto não é coisa boa. Não é. A história atual mostra que onde foram plantadas idéias estatizantes brotaram ambientes autoritários, atrasados e pobres. Basta prestar atenção em Cuba e na Coréia do Norte. Vamos esquecer a Nicarágua Sandinista. Tá certo, a Nicarágua já era pobre, mas, convenhamos, empobreceu muito mais.

Chorei muito quando Allende foi deposto do governo chileno e morto, em 1973. Até ali dava pra chorar mesmo. A utopia socialista estava somente em suspeição, e, apenas em ambientes intelectuais muito restritos. A esperança era muito maior que a suspeita do fracasso. E tome choro! Agora, não. Dados claros existem que desmontam o sonho socialista da forma como até aqui foi defendido e praticado. Por esta razão concordo com Carlos Alberto Sardenberg quando diz que quanto mais democracia, melhor; quanto mais capitalismo,melhor; quanto mais mercado, melhor.

O grande problema é que defender o socialismo é muito mais fácil. Qualquer pessoa entende e se identifica com ele, pelo bem que ele parece trazer. Difícil é defender o capitalismo, com seu caráter individualista e com suas incertezas e espertezas.

O surpreendente é que, quem um dia foi socialista morre com a esperança de ver o socialismo acontecer. Para esses, como eu, resta a esperança de vê-lo chegar pelo superdesenvolvimento do capitalismo em conjunto com uma boa organização da sociedade civil, através do fortalecimento das instituições democráticas, como parece já ocorrer nos paises baixos.

MdPB

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Revendo e reinterpretando

Puxa vida!
Revendo a minha postagem de 09 de agosto dá pra imaginar how bad I was that day.
Isto não é comum em mim.
No geral tenho um altíssimo astral e não faço concessão aos maus presságios.
Sou de bem com a vida.
Tenho uma relação estreita e muito bem resolvida com a solidão. Exceto quando termino de ler um bom livro em dia de chuva. Aí não consigo iniciar a leitura de um novo e também não consigo me desapegar daquele que acabei de ler. A última vez que tive um sentimento meio chato como este aconteceu quando terminei a releitura de O Estrangeiro, de Albert Camus, há uns seis meses atrás. Era um sábado chuvoso sem nada no horizonte. Terminar o livro pareceu-me terminar uma etapa da vida sem preparo pra iniciar a próxima.
Li O Estrangeiro pela primeira vez quando tinha dezoito anos. Amei! Mas jamais da forma como quando fiz a releitura. É sempre muito bom revisitar a vida através dos livros. É bom também o sentimento de sabedoria quando a gente descobre uma nova forma nos ambientes e nos personagens. E isto só é possível na releitura.
Tomei um susto logo no primeiro parágrafo. É incrível a indiferença do personagem principal, Meursault, quando recebe a notícia da morte da Mãe: “Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: "Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames." Então ele pensa: “ Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem”. E segue a estória dele e de sua ausência de emoção para com tudo que é supostamente importante para a grande maioria das pessoas. Aconselho a releitura desse livro, pela maestria de Camus na construção do perfil psicológico de Meursault. Depois, pela compatibilidade da personalidade dele com a cena final do livro. Aconselho a leitura também, claro, senão fica inviabilizada a releitura.
Mas, voltando ao início. Eu falava do meu estado depressivo do dia 09 de agosto. Aconteceu por razões objetivas. Ainda bem! Depressão preocupante é aquela sem motivo objetivo. Tudo sanado. Estou pronta pra outra. Porém, com esperança de que isto não ocorra novamente. Depressão é um bicho meio feioso. Prefiro cantar, dançar, sair... ou, iniciar a leitura de um bom livro em um sábado chuvoso.