terça-feira, 30 de março de 2010

Lembranças

Hoje foi dia de exames médicos.
Rotina anual.
Sete da manhã.
Não acordei muito feliz...
Levei comigo o livro do momento: Comer, rezar e amar, de Elizabeth Gilbert. Até aqui estou gostando. Ainda estou na primeira parte, a que trata da Itália. Como estou de viagem marcada pra lá, estou cheia de curiosidades.
Como o livro está na moda fiquei um pouco tímida com os olhares de algumas pessoas na sala de espera do consultório médico. Parece-me um tanto degradante ser flagrada lendo um livro que está na moda.
É puro preconceito, eu sei...mas que é chato, é!
Cheguei a me perguntar se estava num dia de feiúra, ou de beleza.
Depois dos sessenta os dias de beleza são raros, especialmente porque eles dependem de um certo estado de espírito. E, por coincidência, o meu estado de espírito estava mais para a feiúra do que para a beleza. De qualquer forma fui dar uma olhada num espelho que estava bem perto.
Tudo normal...
... - só pode ser o livro!
Guardei-o e sosseguei das neuras lendo uma revista “Caras”.
Comecei a procurar pelas últimas fofocas sobre as entidades fofocáveis: Madona, Jesus Luz, Beyonce...
E aí encontrei uma foto de Betty Faria. Ela estava tão jovem, mas tão jovem, que viajei no tempo: Stanislau Ponte Preta; Bye, Bye, Brasil (filme de Carlos Diegues de 1979 e que eu gostei muito)... continuei viajando e passando as páginas.
Cheguei numa com frases supostamente famosas e, por coincidência, encontrei a pérola que copiei na minha agenda e aqui transcrevo:

“Vamos à frente das lembranças e um dia paramos para esperá-las. Elas nos alcançam e ficam conosco, até que andemos de novo. É bom ter muitas lembranças, para a velhice. À falta de melhor, fazem companhia”.

Antônio Maria (1921-1964), cronista e compositor pernambucano.

Olha, valeu!
MdPB

sexta-feira, 19 de março de 2010

No mundo da lua

Vontade de morar na lua.
Sem porta,
Sem rua,
Sem impostos a pagar,
Sem jornal,
Sem notícia,
Sem milícia,
Sem seguro...
Ar puro pra respirar.

Quero viver lá na lua
Um amor aventureiro
Com jeitinho sorrateiro
Cheio de charme no olhar
Que me faça um carinho
Que sussurre bem baixinho
Que me faça arrepiar

Quero um amor de momento:
sem futuro,
Sem muro,
Só pra sorrir e brincar.
Dar cambalhotas ao vento
Tão altas, tão longas
De fazer sombra no mar
Atrapalhando os poetas
Que se inspiram ao luar.

MdPB

segunda-feira, 8 de março de 2010

Empacotando notícias

Meu amado blog,
peço-lhe desculpas pelo abandono que lhe tenho impingido nos últimos dias. Garanto que em breve voltarei às postagens com a regularidade habitual, ou seja, pelo menos a cada dez dias. Devo explicar que ando ocupadíssima em meio a arrumações para a mudança de uma casa linda e grande, para um apartamento também lindo porém convenientemente pequeno. Estou feliz, é claro. Mudar por decisão própria e com aprovação da família e dos amigos é uma coisa magnífica. Porém - não sei por que toda felicidade tem algum porém-, e, neste caso, o porém tem a ver com o exercício diário de desapego das coisas materiais que estou tendo de viver. Cada coisinha requer uma análise do útil/inútil e, como cada coisinha tem sua história, fica tão difícil descartar...

...tenho sofrido um pouquinho...

Mas, vamos voltar ao começo de tudo. Eu estava empacotando coisas e muitas delas eu empacoto com jornal velho. Então descobri um monte notícias velhas que continuam novas pela importância ou pela gravidade que têm. Uma delas tem na manchete:

“Juiz acusado de pedofilia é afastado”
Logo abaixo, em letras menores e sem negritos, outra:

“ Afastamento ocorreu após três anos de denúncia” (Jornal do Comércio, quarta-feira, Recife, 25/11/2009)

Por que esta notícia é importante?
Porque ela mostra o grau de indolência da sociedade brasileira ou da pernambucana, em relação aos centros de gestão do Estado, neste caso o Poder Judiciário.

Depois de ler tudo, tudo, e verificar que ainda houve um despacho de arquivamento do processo proferido por um outro juiz de nome Alfredo Hermes, estarreci!!!!

Sabe o que aconteceu?
O juiz foi punido com o afastamento do cargo e com a aposentadoria compulsória num valor de R$ 11.600,00 por mês.

Pode?

É claro que não!

Quer dizer, PODE:

só no Brasil e, provavelmente, na “Zambésia.”

MdPB