domingo, 24 de janeiro de 2010

Nas ondas do rádio

Dizem que ouvir rádio é coisa de velho. Tudo bem. Aceito. Mas, que é bom, é. Sobre ser velho(a), tudo bem, também. Afinal, existem coisas que dão muito prazer em viver, pelo menos a alguns na, digamos, idade madura. Não sei muito sobre vocês, outros, com mais de cinqüenta, mas, no meu caso, só consegui dizer “nãos” fieis ao sentido e à ação, depois dos cinqüenta anos. Até lá eu era uma acrobata do sim. Péssimo! Mas, não tinha jeito... corria, corria e corria, sempre no exercício do sim. As vezes aconteciam “sins” superpostos e incongruentes. Aí eu virava uma contorcionista sem os devidos alongamentos, ou seja, cheia de câimbras mentais, de torções no tendão de Aquiles, de Ulisses, de Freud, do marido (ex-marido), de enxaquecas pirotécnicas, e por aí vai. Agora não: sim, quando é sim, e não quando é não... e sono a noite inteira. Neste ponto melhorei, muito.

Mas eu falava sobre a delícia que é ouvir rádio.
Pra começo de conversa os programas de rádio, sobretudo os jornalísticos, mesmo quando gravados, parecem mais naturais, ou seja, parecem que estão sendo veiculados "ao vivo". O rádio, diferentemente da televisão, não tem, ou não aparenta ter, aquela hipocrisia funcional (do aparecer bem na foto) dos que estão em cena. No rádio, o assunto em questão é que é a vedete e não o apresentador(a), cheio(a) de maneirismos. Preste atenção em Jô Soares. Para quem não teve a oportunidade de saber, ele imita Johnny Carson, famoso apresentador de talk shows americano dos anos 60 e 70 ( viu aí a importância de ter mais de 50? Eu vi!). Ele (Jô) tenta, mas não consegue convencer. Há pessoas que afirmam ser Jô um imitador de de David Letterman – Não! Este também imita Johnny Carson. E Marília Gabriela? Meu deus, que coisa! Eu a assisto algumas vezes. Mas tem momentos que bate a impaciência, saio, abro a geladeira, descubro que não tem sorvete e aí volto e mudo o canal. Marília Gabriela parece-me autêntica. Ela tem uma artificialidade absolutamente natural. Ela encerra-se em si mesma; é tão má atriz que sequer consegue imitar alguém. Já a vi em novelas. Você viu? Pois é: um horror! Coisas do Brasil. Não a acho incompetente. Acho apenas que sua (dela) competência seria melhor aproveitada atrás das câmeras. Imagino que você já está aí pensando que eu sou despeitada por causa de Giannechine, né?
...Hummmmm!!!...Só um pouquinho... afinal ele teria feito melhor escolha se tivesse ficado com Camila Morgado, Maitê Proença e até com Mônica Valdvogel, já que eu nem sou jornalista nem da globo (rsrsrs). Gostou? Eu também.

Agora, falando sério e sintonizando as ondas do rádio. É muito confortável ouvir música ou bom jornalismo pelo rádio. Ele não se auto-impõe como a televisão. Eu cozinho, caminho, canto junto com ele, encrenco com os comentaristas que falam bobagem - Carlos Heitor Cony é um dos alvos preferenciais das minhas encrencas; e ele ali, fiel. E as boas rádios musicais? nelas eu adoro ouvir uma música de qualidade no supetão, na sorte, by chance! Assim, sem nenhuma idéia de que ela ia tocar. Nem um ipod , com 3000 músicas escolhidas- todas por mim, consegue superar a emoção de uma boa música tocada de surpresa no rádio.
E você não gosta de rádio?
Problema seu.
Eu adoro!

MdPB

2 comentários:

  1. ééé!
    eu adorei foi a crônica. no Brasil enchera o saco do rádio portoalegrense, pois também enchi o saco de música brasileira contemporânea. mas volta e meia ligo-me nele, rádio. em Berlim, comprei um rádio a válvula que levei ao Brasil. aqui em Pescara acabo de comprar um rádio am-fm, com sintonizador e volume "analógicos". claro que penso serem "digitais", imitando os analógicos. naturalmente, é um rádio made in China. e fala italiano, o que me dificulta a compreensão a curto prazo, mas melhora a compreensão a longo prazo, se me faço entender...
    DdAB

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  2. Oi, Duilio!
    Eu também não gosto da música brasileira contemporânea. Aqui em Recife apenas duas rádios oferecem oportunidade de um bom evento probabilístico musical. Elas tocam boa MPB, bossa nova, jazz e algumas internacionais aleatórias de qualidade que podem surpreender.

    "De Pernambuco para o mundo" - assim falava o principal locutor da Rádio Jornal do Comércio com uma estupenda megalomania.Eu era criança e ficava muito orgulhosa por ser pernambucana.
    E agoooora, "de Pernambuco pra Pescara", eu mando um abraço pra você.
    MdPB

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